#013. O que ninguém te contou sobre produtividade – e o erro que mantém líderes sobrecarregados
Matriz API: Um mapa para sair da reatividade e alcançar alta performance intencional
São 18h. Mensagens, reuniões, demandas urgentes – o dia passou voando. Mas então vem a pergunta incômoda: ‘O que realmente avançou hoje?’
O terceiro mandato da liderança é sobre gerar movimento.
Se você não está gerando movimento, não está liderando.
Mas será que todo movimento representa progresso?
As pessoas estão mais ocupadas do que nunca. Mais mensagens, mais reuniões, mais demandas. Tudo ao mesmo tempo.
Não falta movimento.
Na verdade, muitas vezes sobra.
“Fazer mais coisas em menos tempo fará alguma diferença – ou somente irá aumentar o ritmo no qual eu reajo às pessoas e às circunstâncias que parecem controlar minha vida?” - Stephen R. Covey
Covey estava certo: Ocupação não garante efetividade - gera reatividade.
O Work Trend Index1, publicado em 2021 pela Microsoft, revelou que 54% dos colaboradores relataram estar sobrecarregados, enquanto 39% disseram estar exaustos.
Não é surpresa, então, que vivamos uma crise de engajamento no trabalho.
Segundo a Gallup2, somente 31% dos brasileiros estão engajados em seus trabalhos.
As noções de produtividade vigentes no imaginário organizacional em sua busca incessante por mais têm gerado cada vez mais ceticismo e ressentimento na força de trabalho.
Como líderes intencionais devem atuar para gerar movimento diante desse cenário desafiador?
Ao longo dos últimos anos, desenvolvi a Matriz API: Alta Performance Intencional, uma ferramenta para ajudar líderes a gerar movimento sem cair na armadilha da sobrecarga e da reatividade. Neste artigo, irei compartilhar essa ferramenta prática com você.
Alta Performance Intencional: A chave para Gerar Movimento de forma eficaz
Gerar movimento não pode ser apenas sobre "fazer coisas acontecerem".
É sobre garantir que as ações certas sejam executadas nos levando de onde estamos para onde querer chegar.
A Matriz API parte da premissa que a Alta Performance Intencional se baseia em dois pilares essenciais:
1️⃣ Clareza Estratégica
2️⃣ Execução Consistente
Sem essas duas forças atuando juntas, o movimento será disperso e improdutivo. Vamos explorar cada uma delas.
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1️⃣ Clareza Estratégica: O ponto de partida para alta performance
Se há algo que os dois primeiros mandatos da liderança nos ensinam, é que um líder precisa enxergar com clareza antes de agir.
🔹 Onde estamos? → Diagnosticar a realidade sem ilusões.
🔹 Onde queremos chegar? → Criar uma visão de futuro atraente.
🔹 Como chegaremos lá? → Definir uma estratégia clara.
Muitos líderes falham porque negligenciam essa etapa.
Começam a se mover sem ter certeza do destino ou da direção.
O resultado? Dispersão.
📌 Se quiser explorar mais sobre como os dois primeiros Mandatos da Liderança ajudam a construir essa clareza estratégica, confira os artigos abaixo.
Qual caminho você vai escolher percorrer?
Saber onde quer chegar não é suficiente. Se o caminho não for claro, é fácil se perder.
Três princípios são essenciais nesse processo:
1. Estratégia é tanto sobre escolher o que fazer quanto sobre o que não fazer
Muitos líderes acham que manter muitas opções abertas é uma jogada inteligente. Na prática, é uma armadilha.
“A essência da estratégia é escolher o que não fazer." - Michael Porter
Muitos líderes erram aqui: tentam combinar várias estratégias, acreditando que assim aumentam suas chances de sucesso. Na prática, isso dilui foco e desperdiça recursos.
A CEO da Endeavor costuma dar um conselho contraintuitivo que se aplica muito bem aqui:
“Feche portas” - Linda Rottenberg
Ouvimos a vida toda que devemos manter portas abertas, mas quando tentamos caminhar olhando para todas elas, acabamos paralisados pelo medo de estar na errada – o famoso fear of missing out.
Líderes que não renunciam a opções acabam sobrecarregando suas equipes, desperdiçando energia e, no final, se frustram.
2. Estratégia não é um mapa – é um experimento
Nenhum plano sobrevive ao mundo real sem ajustes. Quando vamos executar uma estratégia pela primeira vez, estamos lidando com uma hipótese.
O problema?
Muitos líderes não percebem que suas estratégias são hipóteses – e hipóteses precisam ser testadas, validadas, se necessário, ajustadas.
3. Paixão deve estar na visão, não na estratégia
Uma vez validada e consolidada, pode ser tentador se encantar pela estratégia, afinal ela já produziu resultados.
Em um mundo dinâmico como o que vivemos, costumo dizer que o maior inimigo do sucesso futuro é o sucesso passado.
O que funcionava antes pode deixar de funcionar em algum momento e um líder apegado a uma estratégia corre o risco de perder o timing de uma oportunidade ou de uma mudança necessária.
A visão deve sempre estar acima da estratégia.
Estratégia é um veículo – e um veículo que não muda de rota quando necessário pode levar sua organização direto para a irrelevância.
2️⃣ Execução Consistente: O caminho para alta performance
Uma vez que os elementos da Clareza Estratégica estão bem definidos com todos da organização, é hora de traduzir as estratégias em execução.
Aqui é onde a maior parte das organizações se perde.
Não por não estarem executando. Como vimos no começo, as organizações modernas e seu líderes são viciadas em execução.
O problema surge de dois fatores críticos: desalinhamento e falta de consistência.
1. Desalinhamento: Quando cada um puxa para um lado
Uma estratégia bem definida no papel não significa nada se não for absorvida e vivida por todos na organização.
Diferentes áreas e times frequentemente têm interpretações conflitantes sobre prioridades e objetivos, levando a esforços dispersos.
O resultado?
✔ Equipes trabalhando duro, mas sem sinergia.
✔ Metas conflitantes entre si, gerando ruído entre departamentos.
✔ Energia desperdiçada em atividades que não movem o ponteiro.
💡 Exemplo prático:
Imagine uma empresa que quer aumentar a rentabilidade, mas enquanto o time comercial está focado em vender mais volume, o financeiro pressiona por prazos de recebimento mais curtos. Cada time joga seu próprio jogo – e todos perdem no final.
O que fazer?
Criar um ritmo de alinhamento constante – Estratégia não pode ser um PowerPoint que é engavetado depois da apresentação. Líderes devem garantir que a direção e o caminho estejam sempre claros para todos.
Traduzir a estratégia em compromissos concretos – Cada equipe deve saber exatamente como suas ações impactam o objetivo maior.
Administrar tensões – Se um time está buscando crescer e outro está cortando recursos, algo está errado. Sem alinhamento, cada área opera no piloto automático – e a empresa anda em círculos. Estratégia eficaz significa garantir que todos remem para o mesmo destino.
2. Falta de Consistência: Quando o ritmo não se sustenta
A maioria dos planos não falha no início – falha no meio.
O entusiasmo do início logo dá lugar ao peso da rotina. As urgências tomam conta e, sem perceber, a estratégia desaparece do dia a dia.
Costumo dizer: no curto prazo, a intensidade pode até determinar os resultados. No longo prazo, porém, os resultados serão tão bons quanto a consistência.
Isso acontece porque muitas organizações não criam mecanismos para sustentar o ritmo da execução ao longo do tempo, considerando os recursos disponíveis.
O resultado?
✔ Equipes dispersas entre diferentes prioridades do momento.
✔ Estratégias abandonadas antes de gerar impacto real.
✔ A falsa sensação de que "tentamos, mas não deu certo".
💡 Exemplo prático:
Uma empresa decide investir pesado em inovação e lança um programa para incentivar novas ideias. No primeiro mês, engajamento total. No segundo, começam as primeiras dificuldades. No terceiro, ninguém fala mais no programa. O projeto não falhou por falta de ideia, mas por falta de consistência.
O que fazer?
Criar rituais de acompanhamento – Estratégias morrem quando ninguém acompanha o progresso. Times de alta performance têm checkpoints regulares para ajustar a rota e manter o foco.
Medir o que realmente importa – Muitas organizações não têm indicadores claros para acompanhar o progresso. Acompanhe as medidas de direção, não apenas medidas históricas.
Priorizar a alocação de recursos – Recursos são limitados, expectativas não. Cada nova demanda solicitada ao time afeta as anteriores. Ignorar isso não só trava a execução, mas também mina sua credibilidade como líder.
📌 Se quiser explorar mais sobre como garantir uma execução consistente, confira o artigo abaixo.
Matriz API: Diagnostique onde você e seu time estão
Agora que compreendemos os dois pilares essenciais da Alta Performance Intencional, vamos à Matriz API, uma ferramenta de diagnóstico prática que combina os pilares em 4 cenários distintos.
Q1: Reatividade
Baixa Clareza Estratégica + Baixa Execução Consistente
Aqui, as equipes não têm um norte claro e tampouco avançam de forma consistente. O ambiente é caótico, desorganizado e dominado por urgências.
Sintomas:
✔ Trabalho majoritariamente reativo, focado em apagar incêndios.
✔ Falta de prioridades claras – tudo parece igualmente urgente.
✔ Sensação constante de cansaço e frustração, sem progresso real.
💡 Exemplo prático:
Uma empresa que não tem uma estratégia clara e está sempre correndo atrás do prejuízo. Os times trabalham intensamente, mas sem uma direção definida, e as prioridades mudam conforme a crise do dia.
Q2: Boas Intenções
Alta Clareza Estratégica + Baixa Execução Consistente
Aqui, há uma visão clara de futuro, mas a execução não acompanha. Grandes ideias sem implementação eficaz se tornam apenas promessas vazias.
Sintomas:
✔ Planos estratégicos bem estruturados, mas pouca implementação no mundo real.
✔ Muito tempo gasto em discussões e apresentações, sem avanços concretos.
✔ Sensação de que "sabemos o que precisa ser feito", mas não conseguimos transformar em ação.
💡 Exemplo prático:
Uma organização com um planejamento estratégico detalhado, mas que não consegue colocar seus projetos de mudança em movimento porque as decisões não carecem de execução disciplinada.
Q3: Produtividade Irracional
Baixa Clareza Estratégica + Alta Execução Consistente
Aqui, a equipe trabalha muito, mas sem direção clara. A produtividade é alta, mas mal canalizada. Muita energia desperdiçada em atividades de baixo impacto.
Sintomas:
✔ Cultura de "fazer por fazer", sem questionar se o esforço está bem direcionado.
✔ Equipes “tareferas” que executam no automático, sem um entendimento claro do objetivo maior.
✔ Burnout e sensação de que se trabalha demais, mas sem resultados proporcionais.
💡 Exemplo prático:
Uma equipe que mede produtividade pelo número de tarefas concluídas, sem avaliar se elas realmente contribuem para os objetivos estratégicos.
Q4: Alta Performance Intencional
Alta Clareza Estratégica + Alta Execução Consistente
Esse é o quadrante dos times de elite. Aqui, a equipe sabe onde quer chegar e executa o que é preciso de forma disciplinada e consistente para alcançar seus objetivos.
Sintomas:
✔ Clareza total sobre onde estamos e para onde vamos.
✔ Trabalho orientado a impacto real, não apenas a volume de tarefas.
✔ Cultura de aprendizado e ajuste contínuo, garantindo evolução constante.
💡 Exemplo prático:
Empresas como Amazon e Toyota são conhecidas por sua capacidade de execução disciplinada, aliada a uma estratégia bem definida. Elas não apenas têm boas ideias, mas garantem que elas se tornem realidade de forma consistente.
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Liderar é sobre Gerar Movimento Direcionado
No fim do dia, o que realmente avançou?
Essa pergunta não pode ser apenas um incômodo passageiro – ela deve ser um critério de liderança. Como vimos, não falta movimento no mundo corporativo, mas sim movimento direcionado que transforma visões em realidade, a essência do 3º mandato da liderança.
A Matriz API oferece um diagnóstico simples e direto para que você, como líder, entenda onde você e cada membro da sua equipe está e o que precisa ser ajustado para sair da reatividade e alcançar Alta Performance Intencional.
Agora, o próximo passo está em suas mãos:
🔹 Onde você e seu time estão hoje?
🔹 O que precisa mudar para que o movimento da sua equipe se transforme em progresso real?
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Muito bom o texto, realmente é muito importante trabalhar c/ a estratégia clara e priorização p/ poder realizar o que é mais importante.